NÓS

Chapter 41: Capítulo 40



Chapter 41: Capítulo 40

Manuela.

Três dias depois...

Esses últimos dias foram bem difíceis para mim e também bem confusos. Ir para escola e fingir que

estava tudo bem era o pior pra mim e para piorar a situação, Lya estava desconfiada de algo.

Eu estava tentando ser mais sociável mas toda vez que eu achava que estava bem vinha toda aquela

cena na minha mente me fazendo querer sumir. Nesse últimos dias também me peguei fazendo

carinho na barriga durante uma crise forte de ansiedade e não querendo ser clichê ou algo do tipo,

isso me ajudou bastante.

Ainda estava sendo novo para mim essa coisa da gravidez, eu sabia que fazia dois meses mas eu

havia aceitado essa ideia a dias e aos poucos creio eu que iria criando um vínculo. Como eu passava

a maior parte do dia trancada no quarto eu ficava conversando com a barriga, me achava estranha por

isso mas eu tinha visto na internet que isso ajudava e era bom fazer.

Ainda não tinha falado com Diego em relação a isso do bebê e sabia que era um assunto que cabia a

ele ficar por dentro já que era filho dele também. Mas eu tinha tomado uma decisão nesses dias que

passaram e estava a espera de um momento bom, que eu estivesse melhor e esse dia era hoje. Content (C) Nôv/elDra/ma.Org.

Nós estávamos a caminho do hospital, eu tinha marcado minha primeira consulta no pré natal. Estava

um pouco nervosa, eu tinha decidido ser mãe de uma hora para outra no meio do caos que eu estava

vivendo. Eu não sabia direito o que tinha acontecido aquela noite, no momento em que Gabriel se

referiu ao bebê como aberração me despertou um sentimento estranho e uma raiva junto.

Ele não tinha culpa de um erro meu, ele não tinha culpa de nada nessa história e não aceitava que

alguém se referisse a ele desse forma.

Durante o caminho eu e Diego trocamos poucas palavras e estava um clima chato entre nós.

Chegamos na clínica meia hora depois e eu entrei primeiro para fazer a ficha e ser chamada logo. Fiz

o que tinha que fazer e fiquei no aguardo da doutora que ficaria responsável pelo meu pré natal.

Uns minutos depois ela me chamou e Diego ficou me esperando na salinha já que ele não podia

entrar.

— Manuela Herrera, certo? — assenti sorrindo — Mãe de primeira viagem?

— Sim.

A doutora se chamava Fernanda, ela me examinou e depois me encheu de perguntas. Como seria a

primeira consulta apenas me passou uma série de exames de emergência, pelo tempo da ultra que eu

tinha feito, o bebê estava prestes a completar três meses e ela tinha que saber se eu tinha alguma

anomalia o quanto antes para o bem do bebê.

Como eu não estava me alimentando bem ela passou umas vitaminas para eu tomar todos os dias e

pediu para que eu me estressasse menos para evitar dores no pé da barriga e tonturas após eu dizer

uns sintomas que eu havia sentido nesses quase três meses.

Depois do meu quase aborto espontâneo eu fiquei mais propícia a isso e qualquer excesso de

estresse poderia colocar a minha vida e a do bebê em risco.

A médica conversou bastante comigo, me explicou vária coisas importantes e o essencial para

qualquer gestante, seja ela de primeira viagem ou não. Minha próxima consulta seria apenas no mês

seguinte, que já estava próximo. A consulta acabou e eu saí da sala segurando um monte de papéis

na mão, eram a solicitação de exames e após sair da sala fui direto na recepção marcá-los.

Após agendar todos os exames pedidos pela médica, realizei o pagamento da consulta e demos

partida. A volta foi nada diferente que a ida, os dois em total silêncio e esse gelo só seria quebrado

após chegar no apartamento de Diego.

Como meu pai não havia bloqueado meu cartão ainda pedi para que Diego parrase no sacolão para

eu comprar umas frutas, não estava realizando as refeições como devia e na maioria das vezes ficava

a maior parte do dia sem comer absolutamente nada.

Chegamos no apartamento, joguei a bolsa no sofá e fui lavar as frutas que havia comprado. Decidi

tomar um banho, estava um pouco calor e eu estava doida para tirar aquela calça jeans. Hoje era

sexta feira e mesmo não querendo pensar nisso, só pensava nos meninos, que se fosse antes, já

teriam planejado algo para mais tarde.

Saudades sem fim.

Vesti uma roupa confortável e fui atrás de Diego, que estava sentado na varanda sem blusa e apenas

de calça jeans.

Foco, Manuela.

Sentei na escadinha do deck que ficava perto da mesa onde Diego estava sentado mexendo no

celular. Assim que percebeu minha presença colocou o celular na mesa e me olhou sério.

— Diga — disse firme e eu engoli a seco.

— Tô decidida a ter esse bebê — ele assentiu — E também a ir embora.

Não enrolei e fui direta ao ponto. Diego ficou uns segundos me encarando sem expressar

absolutamente nada, ele desviou o olhar e deu um sorriso de lado.

— Tá rindo de que? Disse algo engraçado? — arqueei a sobrancelha.

— Vai morar na rua? — voltou a me encarar e a ironia era perceptível na sua voz.

— Não, eu vi um lugar bom e em conta pra eu ficar pelo menos até arrumar um emprego, meu pai

ainda não tirou minhas coisas, posso me virar.

— Você acha que arrumar um emprego é fácil? — se levantou — E quando seu pai te tirar tudo, o que

você vai fazer?

— Diego, você não entende? Eu tenho que viver a minha vida agora, não posso mais ficar aqui — me

levantei ficando a sua frente.

— Não entende o que, Manuela? — alterou sua voz — Você acha que está nessa sozinha? Somos

dois segurando a mesma barra.

— Não, não é — gritei — Você não entende o que eu tô passando, eu não posso mais envolver

ninguém nessa história, eu não quero mais te envolver, Diego.

Ele riu e caminhou até a final da sacada, se apoiando com as duas maões no corrimão da mesma.

— Você age como só você estivesse passando por um momento ruim, como só você estivesse tendo

um filho — disse balançando a cabeça negativamente — Eu também sou pai desse bebê dentro do

sua barriga, Manuela — se virou pra mim — E eu tô tão envolvido quanto você.

Diego saiu me deixando sozinha na sacada e logo após eu ouvi a porta do seu quarto ser batida

brutalmente. Ele não me entendia, não era porque esperávamos um filho que eu tinha que ficar aqui, a

suas custas. Eu assumi uma responsabilidade e queria vive-la só, apenas eu e o bebê.


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